o livro



O nome deste livro é: “O Intestino Eloquente”. Mas não pense que se trata de um intestino cujo dom da eloquência o levou longe. Nada disso. O nome foi escolhido por uma questão estética, assim como minha namorada se chama Juliana porque os pais dela acham o nome bonito, assim como o Napoleão se chama Napoleão, e como eu me chamo Andrício.

Trata-se de um livro de 152 páginas, com 97 poesias declamadas em forma de tirinhas. Além disso, tem um mini CD charmosíssimo com 78 pessoas declamando as poesias em alto som. Ele seria muito menor e mais barato caso fosse apenas de poesias, mas, segundo o autor, “estas poesias precisam ser faladas da mesma forma que uma música precisa ser cantada ou que uma dança precisa ser dançada”. A teoria é a de que, quando declamados, os versos desabrocham.

Eu também achei isso completamente suspeito e fiz o teste. Pedi que o autor escrevesse os versinhos numa folha de papel, e fiz a leitura em silêncio. Nada aconteceu em minha alma. E então pedi para ver os mesmos versos declamados em tirinha. É claro que não me emocionei, porque ninguém mais se emociona com poesias. Mas tive alguns sentimentos profundos!

Numa época em que Camões é completamente ignorado, Fernando Pessoa é esquecido e Clarice Lispector é a deusa do auto-ajuda, sentimentos profundos não são coisas a se desprezar.

Eu também achei o livro caro. Mas comprei dois e não me arrependi. Principalmente porque perdi um no ônibus.

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